sábado, 12 de janeiro de 2008

Neologismo do Prole (parte 2)

Decerto que já falei numa caracterização de prole, mas é que este conceito é mais vasto. Também existem proles noutros sectores. Um prole basicamente é aquele que tem um conjunto de objectivos de vida muito restritos, pequenos, pouco ambiciosos, aleados a uma fraca capacidade de raciocínio e de interpretação da realidade em que vivem, que se contentam e aceitam tudo o que lhes dizem, mesmo que façam uma tempestade num copo de água.
No fundo, é uma pessoa que não usa as suas capacidades sensoriais e de conseguir raciocinar para melhorar a sua vida a nível intelectual, administrativo, profissional e social, isto é, acomoda-se.
Os neoproles irritam-me. Isto porquê? Porque na geração em que vivemos temos todos as capacidades e oportunidades de conseguir aumentar o nosso conhecimento, de desenvolver a sua visão de um futuro risonho, com uma mente que consiga olhar para lá do nevoeiro em que nos encontramos, mas que no entanto são desperdiçadas todos os dias.
Este não é um discurso político, muito menos elitista, porque como referi na parte 1, não pudemos ter um país de doutores e engenheiros, mas um país mais rico culturalmente (no sentido literal da palavra), porque um povo burro, é um povo que não progride, e o nosso, infelizmente, não dá sinais de muita inteligência. Porquê? Porque por mais cacetada que levemos (e na História de Portugal há muita), nunca conseguimos aprender verdadeiramente a lição.
Um dos poucos aspectos que na minha opinião a Revolução de Abril poderia trazer à nação portuguesa é o facto de que havia a oportunidade de conseguirmos evoluir, da cultura para todos, do fim da ignorância e do analfabetismo. O analfabetismo à letra diminui drasticamente, mas o intelectual decresceu pouco.
«O Traje de um homem indica aquilo que faz, a maneira como caminha, aquilo que é», já dizia o outro, e eu atrever-me-ia a acrescentar que a forma como fala também indica aquilo que é. É neste sentido que o sonho europeu para nós está a acabar, que nos amarguramos com o facto de Espanha e os 10 últimos começarem a ultrapassar-nos, com o facto de poucas empresas estrangeiras apostarem no rectângulo, e as que apostaram começam a abandonar-nos. Isto tem tudo um encadeamento lógico, porque em vez de usufruir os dinheiro dos contribuintes europeus apostando na formação, na construção de escolas e universidades, estes fundos foram usados na compra de automóveis de topo de gama, na construção de vivendas de profundo mau gosto, na compra de habitações no Algarve e em férias no Brasil.
Se o valor do euromilhões fosse entregue a um prole, a primeira coisa que fazia era, com certeza absoluta, uma grande viagem, comprar um grande carro e uma grande casa, e torrar o resto dos euros futilmente. Se entregássemos o mesmo valor a um não prole, aposto que iria apostar em investimentos a médio e longo prazo, não querendo dizer que não comprasse uma casa nova e um carro novo, mas estou convencido que nunca iria esbanjar tudo de forma inoportuna, mas assegurar que conseguiria manter uma soma razoável, e até mesmo aumentá-la, querendo salvaguardar o futuro, e só depois adquirir aquilo que lhe dará um melhor conforto.
O que quero dizer com tudo isto é que temos que começar a usar os miolos em vez de os conspurcar com ideias demasiado banais, partindo para uma concepção de alargar horizontes e não nos deixar ficar por aquilo que nos é apresentado, porque no fundo, os Proles são os Velhos do Restelo, pois criticam os outros na sua ambição da busca do desconhecido, mas quando o incógnito começa a dar frutos, aproveitam-se dele de forma impiedosa e sem uma matriz de exploração que possa aumentar o capital que permite ir mais além. Isto sim, é um verdadeiro prole, e eles andam por aí.

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