sábado, 12 de janeiro de 2008

Ditos matinais

Numa manhã destas,
Quando a insónia me assolou,
Desisti de contra ela lutar
E decidi que era momentâneo o despertar.
Os raios de sol
Tímidos e vagarosos,
Rompiam a frágil alvorada
Acalentando mais um novo dia.
Os pássaros, esses,
Chilreavam alto, numa agitação estonteante,
Daquelas de que é preciso cedo levantar
Porque é importante aproveitar o tempo que lhes resta.
Ao longe, a serra, com a sua fortaleza do Graal
Atracava no seu porto diurno
Vinda de mais um mar de brumas,
Um mar que seca com o dia, albergue dos seus mistérios
Que por mais que tentamos
Só a eles pertencerão, sempre e apenas.
Os rasgos vermelhos abrem o céu,
Chama que acalenta a esperança de mais um dia de vida
Ou melhor: “sobrevida”.
Ponho-me a pensar,
Meu maldito pecado eterno,
Que tarde era para recuperar aquilo que tanto procuro,
Voar livre de uma vida agrilhoada,
Perdido nas brumas dos dogmas insondáveis,
Frios e cinzentos que esmorecem a razão.
É neste contexto todo que vejo,
Assombrado e quase conformado,
Que da tristeza e solidão sou filho
E que por mais que tente e labute,
Desse laço familiar nunca irei me livrar.

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