Esta semana tive mais um apoio à cada vez mais confirmada tese sobre a importância da Arte, da sua História e da sua compreensão no campo da Arquitectura Paisagista, apoio esse manifestado indirectamente por uma das professoras de Projecto 1. A minha tese foca fundamentalmente no ideia que nesta licenciatura não se dar demasiada importância ao ramo das humanidades, e isso manifesta-se na qualidade de informação que é fornecida aos alunos, que são obrigados a empinar matéria que eu demorei três anos no secundário a compreender, que segundo o docente da cadeira de História da Arte, o digníssimo professor José Manuel Ferrão, se exprime num “Apenas para terem um conhecimento geral sobre a História da Arte”, ideia completamente errada e pasmosa.
Eu, um mero aluno de Arquitectura Paisagista, vou completamente contra à ideia que se faz das Humanidades nesta área multidisciplinar. O facto reside que no ISA relativamente à Arquitectura Paisagista dá-se quase e só importância às ciências, o que é fundamental, porque é com as disciplinas cientificas que vamos lidar diariamente na nossa profissão, seja no campo do Projecto, seja no Ordenamento do Território, ou na consultadoria prestada a outras identidades, mas as Humanidades também são extremamente importantes. Isto vai na linha do meu pensamento porque que nós somos artistas, queiramos ou não, e vamos criar Arte com os meios que nos são disponibilizados: material vegetal, geologia-litologia, água e luz, entre outros igualmente importantes, exportando do nosso ser os conceitos estéticos e éticos para esses materiais.
Bem, este processo só se desenrola competentemente se nós soubermos, compreendermos e conseguir-mos captar a matriz fundamental dos vários períodos e expressões técnicas e plásticas da Arte e do Design. Porquê? Porque nos permite ter uma maior capacidade de domínio e canalização das ideias correctas para um determinado projecto ou recuperação/ preservação paisagística, através de determinadas directrizes expressivas, que quando são do conhecimento do projectista, lhe vão dar um outro simbolismo, uma outra caracterização, em vez de uma opção amorfa de estilo e qualidade inferior, o que acontece muitas vezes. Além do mais, a paisagem está constantemente em metamorfose, sendo a paisagem de Ontem diferente da de Hoje e muito mais da do Amanhã, que caracteriza um povo, uma época, um estilo e uma sociedade, que ao ter um determinado nível cultural, vai fazer-se reflectir em muitos campos, como os hábitos, a Arquitectura, etc. ou seja, todos os “caminhos vão dar à Paisagem”. Não é desconhecido do público geral que a paisagem da Antiga Roma é diferente da Idade Média, que é diferente da do Renascimento, e assim sucessivamente até aos dias de Hoje, a contemporaneidade.
É neste conjunto de reflexões que vejo hoje arquitectos paisagistas a terem a sua formação com um frágil e antagónico nível cultural, que deveria ser sólido, porque o Futuro constrói-se Hoje e não amanhã. Imaginemos que nos surge um cliente que nos encomenda um jardim ou um parque que obedeça a uma ideia Romântica. É obvio que o arquitecto vai basear-se nos jardins Românticos. Mas o que estaria por traz dessa concepção de Jardim? Qual a sua força Impulsionadora? Os conhecimentos adquiridos durante a sua formação são escassos e não lhe permitem desenvolver uma ideia concretizadora suficientemente boa, sendo o resultado mais pobre, mais insignificantes, estando o projecto condenado a uma mediocridade que não foi a inicialmente solicitada. Outro exemplo prende-se com a renovação de um espaço, ou mesmo com a implantação de um espaço verde de raiz. Aí, o projectista deverá ter a capacidade de avaliar o espaço, a sua conceptibilidade, o seu íntimo, através de quê? Dos elementos existentes, que traduzem a alma de um período qualquer (que até pode ser o actual), para uma sociedade qualquer, que se não for bem feita, fará grande estrago ou reduzir-se-á ao mesmo que o do exemplo anterior. Ao ter em mãos a tarefa de ordenar uma paisagem, este já outro exemplo, terá que se fazer a mesma avaliação que no exemplo anterior, compreendendo a alma do espaço, o que ele nos diz, e isso só se consegue se tivermos uma sensibilidade estética, ética bem apurada, descortinando o que cada pedra, cada árvore, cada casa e cada pessoa nos dizem. Basicamente vai comportar-se como um músico, que olha para uma pauta e reproduz com facilidade o que lá está escrito, se bem que um leigo veja uns rabiscos e símbolos giros que nada lhe diz.
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