sábado, 12 de abril de 2008

Kosovo: o (país do) lóbi

Quase dois meses após o Kosovo se auto-intitular independente, à revelia das Nações Unidas, e depois de se observar as reacções que se desenrolaram neste período conturbado que medeia Fevereiro até hoje, resolvi expressar a minha opinião.
Primeiro, sou contra a independência do Kosovo, pois representa a criação de um Estado sem pernas para andar, com uma péssima economia (se é que se pode chamar economia a aquilo), uma taxa de desemprego de 1/3 da população activa, falta de habilitações na generalidade da população e sem as infra-estruturas sociais e mecânicas de subsistência.
Além de que a população do Kosovo não é kosovar mas sim albanesa, isto é, não são originários de lá. Em ponto de comparação, imaginem que há um êxodo maciço de pessoas da Andaluzia para o Algarve, e que depois de umas poucas décadas querem tornar o Algarve independente. Faz sentido? Não, mas é aí que reside o problema, é o que se passa exactamente na Sérvia, e eu estou do lado dos Sérvios nesta questão.
Espanha resolveu, e bem, não reconhecer a jovem república por conhecer bem o problema que representa esta acção independentista, e Portugal, que ainda não se pronunciou, deveria fazer o mesmo, não só por solidariedade para com a Sérvia e com Espanha, mas porque poderá eventualmente ter no futuro problemas do género, talvez a médio prazo.
Acho que a Sérvia foi injustiçada, talvez ainda por uma vingança sobre o que se passou à 15 anos, mas a História já se encarregou de fazer justiça, pois as humilhações que a Sérvia já sofreu, pagam o que se passou, assim como a Alemanha foi humilhada após 1945. Na tentativa de estabilizar uma região, os países Europeus e os E.U.A. geraram um novo problema. Em vez de se separar, a solução devia ter passado por integrar, e essa integração só fazia sentido num único quadro: a União Europeia.
Esta questão faz levantar uma outra: no contexto internacional faz sentido esta fragmentação generalizada? Eu acho que não. É um sintoma que o mundo não vai bem. Não defendo Impérios ou super-potências (do tipo União Soviética), mas sim federações e confederações, uma simbiose que permite identidades culturais asseguradas, mas que no entanto se trabalha para o bem comum, através de complementaridades de valências.
É esta a ideia que Espanha defende, a de uma federação de regiões autónomas ou muito próximas disso, que tem sido bem sucedida (com alguns percalços extremistas), sendo actualmente um país rico, que no entanto tem focos de instabilidade provocados por gente que não entende que não é com cisões que o mundo melhora, mas sim com alianças e pactos de irmandade.
Este pensamento é importante no quadro geopolítico que se avizinha, pois é importante estarmos mais unidos que nunca, em vez de perpetrarmos guerras bairristas que em vez de benefícios, só prejuízos trazem.

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